O FUTURO
Me enche essa história "a gente não engorda vinte quilos de um dia pro outro"... Claro que eu sei. Mas a gente também sabe que se acostuma até com ônibus errado. Quer dizer que se acostuma a se ver enorme e deformada. Não no espelho de casa, porque a gente não tem espelho grande em casa, mas se vê refletida nas vitrines, se vê nos banheiros dos shoppings. E vai introjetando aquela imagem. Meia boca mas vai.
Aí um dia, aparece uma foto.
Me arranja a gillette de Bell fazeno favor... porque não há alternativa a não ser cortar os pulsos. E os tornozelos.
O braço parece uma coxa saindo dos ombros.
O pescoço é um gigantesco donuts que impede até que se veja a correntinha de ouro.
A papada cai sobre o donuts e a lateral do rosto, que um dia foi aquela linha do maxilar, desceu assim... pela força da gravidade, sácomé, e está exatamente como um cão buldog com pedigree.
Acrescente a isso um olhar completamente franzido por força do sol e um óculos de farmácia na ponta do nariz.
Não sou eu aquela pessoa.
Não sou.
No máximo eu estou aquela pessoa. Mas não sou não sou e não sou.
Se bem que tô achando que posso vir a ser. Um dia.
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1 Comentários:
Carminha, as vezes eu acho que vc sou eu. Sério.
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