segunda-feira, fevereiro 19, 2007


JÁ MUDOU

NO grupo tem gente de várias idades. Até jovem. Gordo lembra? Gordo não consegue sair nesse tipo de carnaval. Nem que queira. Não tem resistência física, não tem condição cardíaca nem respiratória. Isso sem falar que não cabe no abadá. Só fazem tamanho especial pra Jesus Sangalo e pra Licia Fábio [se bem que Jesus e a irmã Cintia fizeram cirurgia de redução de estomago e cada um emagreceu pelo menos outro dele mesmo]. Mas a conversa vira uma tese de doutorado sempre interrompida pelos melhores momentos do dia sendo reprisados na TV. [vou mudando as letras quando dá ...]
Caso seguinte:
O carnaval mudou muito quando entrou a fobica de Dodo e Osmar e minha mãe diz que nunca mais pode botar a cadeirinha no passeio pra ver o corso.
Não botou porque não gostava - e não porque não podia. Muita gente continuou na rua vendo o trio elétrico passar...

Trio elétrico que nasceu dupla e que começou a ficar grande quando Pepeu e Baby [ então Consuelo] começaram a botar os alto falantes enormes em cima dos caminhozinhos. Era o máximo!

Nesse tempo a Praça Castro Alves já era aquele negócio de meter o cotovelo. Coisa de 78 eu acho. Já não dava pra ficar na Praça... Eu ficava ali no Relógio de São Pedro, perto do "Pé de Mulher".
Lembra do Pé de Mulher? Será que existe ainda? Sei lá ... Ficava uma turma grande, sob o comando de Jaime Saldanha que também tinha mesa no Baiano de Tênis. Só gente bonita! Um luxo!
Meu irmão veio passar um carnaval aqui e trouxe uma duzia de camisas do Santos Football Clube pra dar de presente pra banda. Tinha banda ...
Tá vendo? Sempre foi a violência!
Que violência? Não tinha violência nenhuma! Você é que era muito fresca ... Eu nunca gostei do clube. Ficava na rua mesmo ... me acabando ... na boa ...
Você é louco ...
Você que é uma chata!
[panos quentes rápidos]

A questão é que a violência sempre foi um fato disfarçado. A imprensa escondia as brigas. Lembra daquela que Hermano Henning fez filmando de cima do Sulacap? Só jornalista de fora mostrava as brigas.

É assim até hoje...
A população aumentou e a avenida foi ficando muito apertada. Inventaram os blocos com os cordeiros pra dar uma pouco mais de tranquilidade pra quem queria brincar sem precisar meter o cotovelo. Mesmo assim não deu e logo apareceu a Barra como opção mais calma.
Acho que nunca foi mais calmo. Acho que quando vai passando do limite ... a massa se desloca

È que é tudo muito rápido. Logo acabaram os bailes nos clubes, logo inventaram os blocos alternativos, logo ficou tudo tudo tão lotado de gente que não cabia mais ninguém nas ruas. Pronto: os camarotes.

Os camarotes você quer dizer O da Daniela Mercury que surgiu só pra agradar os patrocinadores. Dinheiro minha filha, dinheiro! O poder do mundo é dinheiro!
Os patrocinadores não - O Patrocinador - que por uns bons anos bancou sozinho o camarote - coisa impensável hoje...
Mas que camarote é coisa de gente metida e fresca é ...
Hum ... e quem não gosta de mordomia? No da Daniela é champanhe meu rei! Só champanhe ... Pensa?
É por isso que o modelo de carnaval popular vai acabar. Porque não tem dinheiro no mercado. Não entra. Quase não tem patrocinador pra nada - imagina então pra pipoca. Brown inventou o pipocão porque não conseguiu patrocinio pra ele. Imagina! Se Carlinhos Brown não tem patrocinador, que dirá os Gerônimos e as Sarajanes da vida...
E se os blocos fossem um pouco menores? O Camaleão tem 5 mil pessoas. Poderia ter umas 3 mil. OU 2.500. Os outros ficariam fora da corda.
Porra! O abadá do Camaleão ía custar 5 mil! Jà custa 1500 ...
Mas teria muito mais pipoca na avenida. Menos gente nos blocos, trios eletricos e carros de apoio menores = Mais espaço fora das cordas.
Fato é que assim não dá mais. E é irreversível. O círculo vicioso já começou a girar e é uma bola de neve. O povo vai pra rua pra ver o artista. O artista precisa do bloco, do público, da mídia. O bloco precisa de $. E se engana quem pensa que quem paga é o folião que compra um abadá. Quem paga são os patrocinadores. Verdadeiras fortunas. Cada vez mais difícil.
Aí é que entraram os artistas de fora da Bahia né? Pra chamar atenção do Brasil ...
E vira uma faca de dois gumes. Quanto mais vem gente, mais gente quer vir. Quanto mais gente vem, mais gente precisa vir pra manter o pico da atenção. A gente viu o que tinha de povo em cima do trio da Ivete. Vc vai dizer: e Ivete precisa? Precisa. Se ela não fizer nada diferente, nada fora do padrão, senão chamar a atenção agora, vai descendo a ladeira.
O espetáculo já foi o povo, já foram as musicas, já foram os blocos, já foi o trio eletrico, já foi a mortalha, o abadá, já foram as bandas. Agora, as cinco ou seis "estrelas" da festa já não se bastam. E inventam trios eletricos com pianos de cauda, de 3 andares, criam fantasias, personagens, trazem DJs. Cada um está dá o sangue pra se manter no topo. Esse ano vem escola de samba. Só não sei quanto tempo vai demorar pra eles se transformarem nos Pepeus Gomes e nos Luiz Caldas da vida.
Cara... tu é o maior urubu!
.
.
.
. Mas acho que ele tá certo. Esse negócio vai melar...
e eu:
Será que dá tempo da gente ficar magro antes de acabar?




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