IEMANJÁ

Da minha janela vejo o mar. Se a minha visão fosse boa, eu veria a África. Benin em frente. Faz um sol de encomenda pra saudar a rainha das águas. Algumas nuvens pequenas e brancas se movem lentamente. Vejo barcos passarem. Lanchas. Escunas. Também vejo daqui o "telhado" branco em forma de tenda de circo do Camarote 2222 do Gilberto Gil. Quer dizer, da Flora Gil.

Tenho fotofobia fortissima e essa claridade absurda me mata. Poderiam apagar a luz do mundo de vez em quando. Depois de onze anos morando aqui, sucumbi e mandei por filme na janela da sala. Boicotei as cortinas do apartamento todo - pra desespero dos turistas - pra não me enterrar no escuro [o quarto é escuro - mas sem cortina - só filme - triplo].

Tenho depressão.

Brabissima. Sei tudo sobre o assunto que todo mundo pensa que sabe e não sabe. Ainda não dá pra escrever sobre isso. Quando der, farei um livro. Não um livro de auto ajuda - mas um livro de "Ajude um" - porque duas coisas são trágicas pra quem tem depressão:

1. o preconceito e

2. a falta de informação de quem quer ajudar.

Vou ser uma palestrante sobre o tema. Palestras tendo como "público alvo" os amigos do deprimido. O Deprimido só entra acompanhado [até porque, se ele tiver depressão não vai conseguir ir sozinho mesmo].

Por isso [e por aquilo] eu não estive aqui.

Hoje é Iemanjá.

Talvez por Iemanjá.

Vou aproveitar e pedir pra ela me dar O Chico.

Menos. Vou pedir pra ela me dar Um Chico.

Que nada ... vou pedir pra ela me deixar magra ... magra ... e magra!

Porque to vendo que só milagre mesmo!

bzs

[vocês são todos lindos e eu estou emocionada]